A incursão terrestre das Forças de Defesa de Israel no Líbano é apenas o mais recente episódio de uma guerra que, em sua última etapa, chega a um ano na semana que vem.
As tensões começaram a subir após o ataque do Hamas sediado na Faixa de Gaza, ao sul de Israel, que deixou 1200 mortos e fez mais de duas centenas de reféns — parte deles, inclusive, continua no enclave palestino.
No dia seguinte, os militantes do Hezbollah, do Líbano, começaram a disparar foguetes no outro extremo de Israel, ao norte, declarando “solidariedade” à causa palestina.
Israel respondeu aos disparos na fronteira norte com ataques limitados. Ainda assim, o contexto da violência constante obrigou o deslocamento forçado de centenas de milhares de pessoas dos dois lados da fronteira, tanto no sul do Líbano quanto no norte de Israel.
Enquanto em Gaza as Forças de Defesa de Israel realizavam uma operação terrestre que deixou mais de 40 mil mortos, na fronteira norte o conflito ficou em banho-maria até setembro.
Até então, o principal episódio dessa frente havia sido a morte de um comandante do Hezbollah em um ataque no subúrbio de Beirute, em julho.
Em setembro, entretanto, Israel conseguiu explodir milhares de equipamentos de comunicação do Hezbollah, causando a morte de dezenas de integrantes do grupo e ferindo milhares, incluindo civis.
O Mossad, serviço de inteligência de Israel, foi responsável pela operação, segundo apuração da CNN.
A partir daí, o país deu início a uma série de ataques que levaram à morte de praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah, afirmam as Forças de Defesa de Israel.
O principal alvo morreu na sexta-feira (27). Hassan Nasrallah foi atingido num bombardeio israelense ao quartel-general do Hezbollah, em Beirute. O secretário-geral estava no comando do grupo há cerca de 30 anos.
Apesar de apelos de seus principais aliados para evitar uma guerra regional generalizada, o governo de Benjamin Netanyahu decidiu dobrar a aposta e, no último fim de semana, realizou uma série de ataques no Líbano, transferindo o centro de gravidade do conflito da Faixa de Gaza para a fronteira norte de Israel.
A escalada atingiu seu ápice na segunda-feira (30), quando os militares israelenses decidiram fazer uma operação terrestre no sul do Líbano, invadindo o país árabe pela quarta vez em pouco mais de quarenta anos.
Histórico das invasões de Israel ao Líbano
1978: Israel enviou tropas pela primeira vez através da fronteira depois que membros da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) entraram em Israel pelo Líbano pelo mar e tomaram o controle de um ônibus civil, matando dezenas de israelenses, de acordo com a IDF.
Em resposta, Israel ocupou a maior parte da parte sul do país, apesar das alegações do Líbano de que não tinha nada a ver com o ataque ao ônibus. Isso eventualmente levou à criação da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), encarregada de garantir a retirada de Israel do Líbano.
1982: A mais longa invasão israelense do Líbano começou em junho de 1982. Assim como as declarações desta semana, Israel disse que a incursão seria breve e limitada com uma missão para destruir a OLP.
Mas resultou em uma ocupação de anos do sul do Líbano e as tropas israelenses atoladas em uma guerra prolongada e cada vez mais impopular.
As forças israelenses acabaram inicialmente tomando quase metade do território do Líbano, incluindo Beirute Ocidental. A operação resultou em mais de 17.000 mortes, de acordo com relatos contemporâneos, e um inquérito israelense sobre um massacre nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila.
Essa investigação responsabilizou Israel indiretamente pelo massacre realizado por combatentes libaneses cristãos de direita aliados a Israel. As tropas israelenses se retiraram de Beirute Ocidental depois disso, mas continuaram a ocupar o sul do Líbano até 2000. Esse conflito também deu origem ao Hezbollah.
2006: Em 2006, militantes do Hezbollah se infiltraram em Israel em um ataque surpresa, matando oito soldados israelenses e sequestrando mais dois em uma tentativa de provocar uma troca de prisioneiros.
Israel retaliou com uma operação aérea massiva seguida por uma ofensiva terrestre abrangente, que terminou com um cessar-fogo mediado pela ONU.
A guerra de um mês matou cerca de 1.200 pessoas no Líbano, centenas delas crianças, de acordo com a Human Rights Watch. Quarenta e nove civis israelenses e 121 soldados das IDF foram mortos, de acordo com o exército israelense.
Uma comissão da ONU concluiu que as IDF usaram força “excessiva, indiscriminada e desproporcional” contra civis.
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Explosões registradas no sul do Líbano em meio a ataques de Israel contra o Hezbollah em agosto de 2024 • Reuters
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Equipes libanesas de defesa civil e de combate a incêndios chegam à área danificada após os ataques israelenses, enquanto cerca de 10 explosões são ouvidas na área sul da capital Beirute, Líbano, em 27 de setembro de 2024. • Anadolu Agency via Reuters
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Fumaça densa paira no ar do sul do Líbano após ataques de Israel em setembro de 2024 • Reuters
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Destruição após ataque israelense em Beirute, no Líbano • Reuters
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Fumaça é vista no vilarejo de Khiam, no sul do Líbano, em meio às contínuas hostilidades transfronteiriças entre o Hezbollah e as forças israelenses • Stringer/Reuters (25.jun.24)
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O Chefe do Estado-Maior Geral das Forças de Defesa de Israel, Herzi Halevi, realiza uma reunião de avaliação após a agência de inteligência israelense Mossad ter plantado explosivos nas baterias de dispositivos de pager que detonaram no Líbano em 17 de setembro de 2024 • Forças de Defesa de Israel (FDI)/ Handout/Anadolu via Getty Image
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Pessoas assistindo ao discurso de líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah • Reuters
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Fumaça no vilarejo de Kfar Kila, sul do Líbano em 20 de setembro de 2024 • Karamallah Daher/Reuters
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Oficiais usam equipamentos pesados de construção para remover escombros de assentamentos fortemente danificados após o ataque aéreo do exército israelense no sul de Beirute, Líbano, em 21 de setembro de 2024 • Houssam Shbaro/Anadolu via Getty Images
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Fumaça causada por ataques no sul do Líbano • Aziz Taher/Reuters (23.set.24)
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Fumaça no sul do Líbano perto da fronteira com Israel • Karamallah Daher/Reuters (24.set.24)
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Fumaça em Tyre, sul do Líbano • Aziz Taher/Reuters (23.set.24)
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Sistema de defesa de Israel intercepta foguetes vindos do Líbano • Avi Ohayon/Reuters (25.set.24)
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Local de ataque israelense nos subúrbios ao sul de Beirute, no Líbano • Amr Abdallah Dalsh/Reuters (24.set.24)
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Foguetes são lançados do Líbano em direção a Israel • Gil Eliyahu/Reuters (23.set.24)
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Fumaça de ataques israelenses se espalha pelo sul do Líbano. • Reuters
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Mulheres deslocadas no Líbano após ataques de Israel • Fadel Itani/NurPhoto
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Nuvens de fumaça sobre o sul do Líbano após ataque israelense vistas de Tiro, Líbano • Amr Abdallah Dalsh/Reuters (25.set.24)
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Fumaça no sul do Líbano após ataque israelense • Amr Abdallah Dalsh/Reuters (26.set.24)
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Prédios destruídos após ataques de Israel no Líbano • Reuters
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Fumaça sobe acima do horizonte de Beirute, capital do Líbano • Reuters
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Escombros de edifícios destruídos após ataques israelenses em Saksakiyeh, no sul do Líbano • Ali Hankir/Reuters (26.set.24)
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Sírios deixam o Líbano de volta para Siria após ofensivas aéreas de Isael • Yamam al Shaar/Reuters (25.set.24)
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Fumaça no sul do Líbano • Karamallah Daher/Reuters (27.set.24)
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Bombardeio destrói casa em Saksakiyeh, no sul do Líbano • Aziz Taher/Reuters
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Membros das forças armadas montam guarda após um ataque israelense, em meio às hostilidades transfronteiriças entre o Hezbollah e as forças israelenses, nos subúrbios ao sul de Beirute, Líbano, 27 de setembro de 2024. • Mohamed Azakir/Reuters
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Fumaça no sul do Líbano • Karamallah Daher/Reuters (24.set.24)
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Explosões atingem sul do Líbano • Reuters
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Israel diz ter matado comandantes do Hezbollah nos ataques ao Líbano na sexta-feira • REUTERS
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Nuvem de fumaça no Líbano após ataques israelenses. • Reuters
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Carros que ficaram inutilizáveis são vistos em área danificada após o ataque aéreo do exército israelense no distrito de Dahieh, no sul de Beirute, no Líbano, em 21 de setembro de 2024 • Houssam Shbaro/Anadolu via Getty Images
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Fumaça sobe da destruição de prédios alvos de ataques aéreos israelenses em uma rua no subúrbio sul de Beirute, no Líbano • Stringer/picture alliance via Getty Images
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Janela que foi danificada depois que um foguete disparado do Líbano atingiu perto de casas em 25 de agosto de 2024 em Acre, Israel • Amir Levy/Getty Images
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Uma mulher inspeciona casa que foi danificada por um foguete disparado do Líbano em 25 de agosto de 2024 em Manot, Israel • Amir Levy/Getty Images