Uma passagem do Líbano para o Brasil – comprada nesta segunda-feira (30) com previsão de embarque ainda em outubro – pode custar de R$ 11 mil a R$ 25 mil. Antes da escalada da guerra na região era possível deixar o país por menos de R$ 5,6 mil, segundo empresas de turismo e brasileiros que tentam escapar do conflito entre Israel e Hezbollah.
O Itamaraty confirmou nesta segunda-feira (30) o primeiro voo de repatriação. A operação será coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa. A data será anunciada nos próximos dias, após análise das condições de segurança para o voo.
Até então, a recomendação do Itamaraty era de que os brasileiros tentassem sair do país com recursos própria. Muitas famílias, no entanto, dizem a opção é inviável.
Raja Ibrahim, por exemplo, vive ao norte de Beirute, em Bchamoun. Há cinco anos e meio no país e com dois filhos, ela afirma não ter condição de arcar com R$33.600 para comprar três bilhetes e sair do país.
“Já fiz o cadastro da embaixada. Estamos aflitos. Estou com medo de não conseguir mais sair daqui. Ouvimos aviões o dia todo, barulho de ataques. Eu e meus filhos, de 9 e 7 anos, estamos com muito medo”, disse à CNN.
De acordo com Ibrahim, os voos são outro problema. Muitos são cancelados e os que operam já estão lotados.
Nesta segunda-feira (30), o site oficial do Aeroporto Internacional de Beirute saiu do ar, mas dados do Flight Radar, plataforma de monitoramento de voos mostra que de 77 voos programados, 20% (16) foram cancelados. Outros 25% estavam com status registrados como “desconhecido”. Ou seja, o site não conseguiu precisar se houve a sáida do voo do país.
O empresário Gabriel Maluf Jacob vende pacotes turísticos para o Oriente Médio e afirma que quem conhece a realidade do país entende que só integrantes da “elite” teriam condições de comprar passagens aéreas com esse valor.
Jacob diz que passagens de ida e volta para Beirute, que já chegaram a custar R$ 8,4 mil, hoje custam o triplo deste valor.
“O preço está estratosférico. Quem pode sair de lá é da elite. O país enfrenta também uma crise econômica”, comentou.
A empresa dele, Líbano Tour, opera em São Paulo e tinha um grupo de cerca de 50 pessoas com viagem marcada para outubro.
“O grupo do mês de maio conseguimos fazer. Até um mês atrás tinha clientes passeando lá. Agora, os pacotes foram cancelados e os clientes ou trocaram por outros destinos na região como Marrocos, Turquia ou Egito, ou, receberam reembolso total. Houve a opção de prorrogar a ida para o ano que vem também”, comentou.